Rio seco que corre morro a cima
Não cria leitos
Não mata a sede
Não dá o peixe nem ensina a pescar.
Confirma certezas!
Vai levando navegante
Sem precisar remar.
São margens bem estreitas,
Pontes em abundância
Qualquer um pode alcançar.
Todos chegam ao topo
Ninguém se afoga!
Espetáculo bonito!
Para ao mundo mostrar.
A platéia aplaude.
Os artistas? Calados!
São eles culpados
Se alguém não chegar.
São coadjuvantes,
Têm que improvisar.
Do maestro é o sucesso
Se a orquestra afinar.
Se não chegou todo mundo
Alargam-se as pontes
Manipula-se os números
Que desta vez tem que dar.
E o rio continua a correr.
Só poeira levanta.
Ca em baixo, onde poucos vêem,
Qual boi pro curral
Rebanhos são arrastados rio a cima.
No cume do morro,
Coisa bonita de ver,
Ao final do espetáculo
Certificados gratuitos
Acabou a vida dura
É só festa pra formatura.
E nós, sem nariz de palhaços,
Esforçados boiadeiros remadores
Envergonhados
Entregamos essa boiada sem querer
Aguardamos o próximo ano
Para outra receber.
Clovis
C. Rocha
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