A maltratar meu coração
LERTRAZPRAZER
O MUNDO SE TORNA PEQUENO QUANDO NOS DISPOMOS A VOAR PELAS PÁGINAS DE UM LIVRO
VOCÊ GOSTA DE LER?
Devemos observar várias formas de arte, expressas em textos escritos ou não (verbal ou não verbal) e, delas tirar lições, reflexões, ou mesmo divesão. O que não podemos é sairmos indiferentes, pensando: não entendi nada! Ou fingindo ter entendido tudo, sem no entanto, ter compreendido o que o emissor realmente disse.
Muitas mensagens, realmente são de entendimento dúbio, ou seja, dá margens a mais de uma interpretação.
O que não se deve, é não entender nada! Se por acaso isso acontercer, e não é nada depreciativo assumir isso, devemos buscar mais informações e, fazer com que de alguma forma, essa leitura acrescente algo de positivo em nossa vida.
Leia, vá ao cinema, museus, shows, teatros, ouça músicas, mas reflita, pense!
Se não tiver argumentos bem fundamentados, cale-se e vá aprender mais.
"NÃO TENHO UM NOVO CAMINHO. O QUE TENHO É UM NOVO JEITO DE CAMINHAR." (Thiago de Melo)
quarta-feira, 13 de março de 2024
RETRATO EM BRANCO E PRETO (Antonio Carlos Jobim)
terça-feira, 11 de outubro de 2022
O DIA EM QUE O RIO DE JANEIRO DERRETEU (Carlos Eduardo Novaes)
Aparentemente aquele dia amanheceu igual a todos os outros do mês de janeiro. Céu azul, lavado, um sol forte e musculoso ainda se espreguiçando, uma promessa de calor. Manhã sob medida para turistas, estudantes em férias e desempregados. O Rio, quando quer, sabe como nenhuma outra cidade se enfeitar para o verão. D. Odete Araújo abriu a janela de sua casinha em Bangu e girou a cabeça como se tentando perscrutar o tempo. Viu um cidadão parado na calçada segurando um cigarro. A fumaça do cigarro subia em linha reta, parecia traçada a régua. Não havia a mais leve brisa no ar. D. Odete respirou fundo, passou as costas da mão na testa gotejante e comentou com a vizinha:
—
Acho que hoje chegaremos aos 45 graus.
Os
moradores de Bangu entendem mais do que todos de altas temperaturas. A vizinha
deu de ombros. Um grau a mais ou a menos não faz diferença neste inferno
suburbano. Na véspera, os termômetros de Bangu acusaram 44.8 graus, quebrando
os recordes dos anos de 84, 85, 86 e 87. D. Odete comentou num tom cabalístico
que aquele era o 13º dia consecutivo que o Rio se debatia com uma febre de 40
graus.
No
Centro da cidade, um movimento típico das manhãs de verão. As pessoas
procurando as sombras, procurando os bares, procurando diminuir o ritmo. Nada
de anormal. O contínuo Ademar Ferreira, porém, percebeu o termômetro digital,
que uma hora antes acusava 43 graus, agora marcando 48. O amigo, com quem
conversava numa esquina da Avenida Rio Branco, disse que os termômetros estavam
de miolo mole. Ontem vira um marcando 54 graus. Ademar continuou conversando,
tornou a olhar o termômetro: 49 graus. Notou certa inquietação no ar. Os
transeuntes se mexiam mais, tiravam o paletó, afrouxavam a gravata: 50 graus.
Outras pessoas começaram a perceber a escalada dos termômetros. O calor
aumentava: 51 graus. Um grupo preocupado se reuniu em torno de um orelhão e
ligou para o Serviço de Meteorologia. O que está acontecendo? Os cientistas
admitiam que a temperatura subia. vertiginosa, mas desconheciam as razões.
Estavam acompanhando uma frente fria encalhada na Patagônia.
As
pessoas se aglomeravam diante dos termômetros como se acompanhassem o movimento
de apostas no Jóquei: 53 graus. As expressões revelavam medo e tensão. O calor
tornava-se escaldante. Era como se tivessem ligado o forno da Rio Branco: 55
graus. Não dava mais para ficar exposto ao sol. As pessoas procuraram proteção
embaixo das marquises. Muitas, nervosas, se refugiavam em lojas e escritórios
com ar condicionado: 56 graus. Um bando de honrados cidadãos invadiu uma loja de
eletrodomésticos:
—
Liguem os ventiladores, pelo amor de Deus! — Infelizmente vendemos todos —
respondeu o vendedor, torcendo o lenço empapado de suor.
Na
Zona Sul o pânico se alastrava como um rastilho de pólvora. Edevaldo Santos,
vendedor de picolés na praia, notou que algo estranho acontecia quando abriu a
caixa de isopor e viu os palitos boiando num caldo de sorvete: 60 graus. Não
dava mais para atravessar a areia quente. Quem ficou na praia já não podia
sair. Dois helicópteros procuravam transportar os banhistas. Primeiro, velhos e
crianças! A praia, como a cidade, já estava sob o império do caos, apesar das
rádios e televisões pedirem calma à população. A corda que pendia dos
helicópteros era disputada a tapa: 65 graus. Faltava ar, a garganta secava, o
corpo parecia incandescente. A estudante Luísa Coelho lembrou-se de Joana
D’Arc. Teve início a invasão de bares, restaurantes, supermercados. Todos
corriam às prateleiras de bebidas. Água, refrigerantes, cerveja, vinho,
champanhe, qualquer líquido. Tinha gente bebendo Pinho-Sol.
O
trânsito enlouqueceu de vez. Os motoristas abandonavam seus carros nos
congestionamentos. Os ônibus eram largados em qualquer lugar. Os veículos
transformavam-se em fornos crematórios: 74 graus. Os pneus começaram a
derreter. Nas ruas as pessoas iam se desfazendo das roupas. Vários executivos
foram vistos se esgueirando pelos cantos, de cueca, meias e pasta. Começou a
invasão dos apartamentos com ar condicionado. Eles viraram uma espécie de
abrigo nuclear. Só na minha sala havia 67 pessoas se empurrando para botar a
cara na frente do aparelho: 80 graus. De repente ouviu-se um ruído e logo o
silêncio do ar-condicionado. A cidade ficara sem energia. O calor derreteu os
cabos da Light. O sol esquentava os vidros e o concreto dos prédios. Era
insuportável o calor nos apartamentos. A população desesperada saiu às ruas à
cata de sombras. Num poste em Madureira havia 23 pessoas espremidas e
perfiladas ao longo de sua tira de sombra: 84 graus!
Os
carros dos Bombeiros circulavam pelas ruas com um restinho de água molhando a
população. “Aqui, aqui! Joga aqui antes que eu pegue fogo!” Os chafarizes da
cidade. estavam mais cheios do que trem da Central. Milhares de. pessoas
mergulhavam na Lagoa Rodrigo dA Freitas. Só que esta, como as outras lagoas da
cidade, secava rapidamente. As poucas matas pegavam fogo. As ruas de terra
rachavam ao melhor estilo nordestino. O asfalto começou a borbulhar. Ploft! A
cidade se transformava num caldeirão: 88 graus. No cais do porto os marinheiros
se atiravam do convés como se os navios estivessem naufragando. No Santos
Dumont um avião da Ponte-Aérea, ao invés de levantar vôo, embicou dentro
d’água. O piloto foi aplaudidíssimo pelos passageiros.
A
temperatura estava em torno dos 94 graus. No Sumaré as antenas das emissoras de
televisão adernavam, desmaiando lentamente. O Pão de Açúcar começou a derreter
como um sorvete de casquinha. Uma mancha escura se espalhava pelo mar. No meio,
boiando, o bondinho com turistas americanos fotografando tudo. Outros morros
também derretiam. O Dois Irmãos, para surpresa geral, entrou em erupção. A
estátua de Cristo tinha desaparecido do alto do Corcovado. Dizem que, quando o
morro começou a desmanchar, Ele saiu voando com seus braços abertos. Todo mundo
já estava tendo visões e alucinações. Nas calçadas da Visconde de Pirajá — lado
da sombra — as pessoas se arrastavam aos gritos de “água, água”. Eram inúmeras
as miragens. O pipoqueiro Manuel de Souza jura que viu as Sete Quedas na Praça
Nossa Senhora da Paz.
As
17h12min, por fim, o sol começou a perder a força. As pessoas, ainda
desconfiadas, foram saindo de dentro das geladeiras, freezers, frigoríficos.
Nas câmaras frigoríficas da Cibrazem — contou-se … — havia 12 mil 344 pessoas.
Uma sensação de forno quente pairava sobre o Rio. Somente à meia-noite os
termômetros voltaram ao normal: 40 graus. Terminara o efeito-estufa, deixando
um rastro de dor e destruição. Não havia uma única gota d’água na cidade. Fomos
dormir e no Day After, como não havia trabalho, saímos todos para a praia. Pois
creiam: no meio do comércio de sanduíches naturais, chapéus, cocadas, óleo para
bronzear, o diabo, já tinha nego vendendo um aparelhozinho para dessalinizar a
água do mar.
terça-feira, 20 de setembro de 2022
A CADEIRA DO DENTISTA (Carlos Eduardo Novaes)
Fazia dois anos que não me sentava numa cadeira de dentista. Não que meus dentes estivessem por todo esse tempo sem reclamar um tratamento. Cheguei a marcar várias consultas, mas começava a suar frio folheando velhas revistas na antessala e me escafedia antes de ser atendido. Na única ocasião em que botei o pé no gabinete do odontólogo – tem uns seis meses –, quando ele me informou o preço do serviço, a dor transferiu-se do dente para o bolso.
--
Não quero uma dentadura em ouro com incrustações em rubis e esmeraldas –
esclareci –, só preciso tratar o canal.
--
É esse o preço de um tratamento de canal!
--
Tem certeza? O senhor não estará confundindo o meu canal com o do Panamá?
Adiei
o tratamento. Tenho pavor de dentista. O mundo avançou nos últimos 30 anos, mas
a Odontologia permanece uma atividade medieval. Para mim não faz diferença um
"pau-de-arara" ou uma cadeira de dentista: é tudo instrumento de
tortura.
Desta
vez, porém, não tive como escapar. Os dentes do lado esquerdo já tinham se
transformado em meros figurantes dentro da boca. Ao estourar o pré-molar do
lado direito, fiquei restrito à linha de frente para mastigar maminhas e
picanhas. Experiência que poderia ter dado certo, caso tivesse algum jeito para
esquilo.
A
enfermeira convocou-me na sala de espera. Acompanhei-a, após o sinal-da-cruz, e
entramos os dois no gabinete do dentista, que, como personagem principal, só
aparece depois do circo armado.
--
Sente-se – disse ela, apontando para a cadeira.
--
Sente-se a senhora – respondi com educada reverência –, ainda sou do tempo em
que os cavalheiros ofereciam seus lugares às damas.
Minhas
pernas tremiam. Ela tornou a apontar para a cadeira.
--
O senhor é o paciente!
--
Eu?? A senhora não quer aproveitar? Fazer uma obturaçãozinha, limpeza de
tártaro? Fique à vontade. Sou muito paciente. Posso esperar aqui no banquinho.
O
dentista surgiu com aquele ar triunfal de quem jamais teve cárie. Ah! Como
adoraria vê-lo sentado na própria cadeira extraindo um siso incluso! Mal me
acomodei e ele já estava curvado sobre a cadeira, empunhando dois miseráveis
ferrinhos, louco para entrar em ação. Nem uma palavra de estímulo ou
reconforto. Foi logo ordenando:
--
Abra a boca.
Tentei,
mas a boca não obedeceu aos meus comandos.
--
Não vai doer nada!
--
Todos dizem a mesma coisa – reagi. Não acredito mais em vocês!
--
Abra a boca! – insistiu ele.
Abri
a boca. Numa cadeira de dentista sinto-me tão frágil quanto um recruta diante
do sargento do batalhão.
Ele
enfiou um monte de coisas na minha boca e tocou o dente com um gancho.
--
Tá doendo?
--
Urgh argh hogli hugli.
Os
dentistas são tipos curiosos. Enchem a boca da gente de algodão, plástico,
secadores, ferros e depois desandam a fazer perguntas. Não sou daqueles que
conseguem responder apenas movendo a cabeça. Para mim, a dor tem nuances,
gradações que vão além dos limites de um sim-não.
--
A anestesia vai impedir a dor – disse ele, armado com uma seringa.
--
E eu vou impedir a anestesia – respondi duro segurando firme no seu pulso.
Ele
fez pressão para alcançar minha pobre gengiva. Permaneci segurando seu pulso.
Ele apoiou o joelho no meu baixo ventre. Continuei resistindo, em posição
defensiva. Ele subiu em cima de mim. Miserável! Gemi quase sem forças. Ele
afastou a mão que agarrava seu pulso e desceu com a seringa. Lembrei-me de
Indiana Jones e, num gesto rápido, desviei a cabeça. A agulha penetrou a
poltrona. Peguei o esguichador de água e lancei-lhe um jato no rosto. Ele
voltou com a seringa.
--
Não pense que o senhor vai me anestesiar como anestesia qualquer um – disse,
dando-lhe um tapa na mão.
A
seringa voou longe e escorregou pelo assoalho. Corremos os dois pra alcançá-la,
caímos no chão, embolados, esticando os braços para ver quem pegava a seringa.
Tapei-lhe o rosto com meu babador e cheguei antes. A situação se invertera: eu
estava por cima.
--
Agora sou eu quem dá as ordens – vociferei, rangendo os dentes. – Abra a boca!
--
Mas... não há nada de errado com meus dentes.
--
A mim você não engana. Todo mundo tem problemas dentários. Por que só você iria
ficar de fora? Vamos, abra essa boca!
--
Não, não, não. Por favor – implorou. Morro de medo de anestesia.
Era
o que eu suspeitava. É fácil ser corajoso com a boca dos outros. Quero ver
continuar dentista é na hora de abrir a própria boca. Levantei-me, joguei a
seringa para o lado e disse-lhe, cheio de desprezo:
--
Você não passa de um paciente!
quinta-feira, 15 de setembro de 2022
O AVISO (Ledo Ivo)
ausentam-se em passeios matinais e necessários
acendam minhas lâmpadas por Olvídio
rasguem os poemas onde cantei Adriana
queimem minha infância parada no álbum.
E agora você, minha morte,
venha devagar para mim
como uma noiva em camisa de dormir
para esta estranha noite de núpcias.
Nada receie. Fugirei com você
em carrossel, barca ou pauta de música.
Quero nascer na morte.
quinta-feira, 8 de setembro de 2022
A ETERNIDADE PREMEDITADA (Ledo Ivo)
Isto
será a eternidade:
um incessante subir de escadas.
E sempre estarás no começo da escadaria
muito embora todos os dias sejam degraus.
Deus, porque fizeste a eternidade?
Porque nos obrigas a subir tantas escadas?
domingo, 7 de agosto de 2022
OS ESTATUTOS DO HOMEM ( Thiago de Mello)
OS ESTATUTOS DO HOMEM
(Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.agora vale a vida,e de mãos dadas,marcharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,inclusive as terças-feiras mais cinzentas,têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,haverá girassóis em todas as janelas,que os girassóis terão direitoa abrir-se dentro da sombra;e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,abertas para o verde onde cresce a esperança.
Artigo IV
Fica decretado que o homemnão precisará nunca maisduvidar do homem.Que o homem confiará no homemcomo a palmeira confia no vento,como o vento confia no ar,como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único:
O homem, confiará no homemcomo um menino confia em outro menino.
Artigo V
Fica decretado que os homensestão livres do jugo da mentira.Nunca mais será preciso usara couraça do silêncionem a armadura de palavras.O homem se sentará à mesacom seu olhar limpoporque a verdade passará a ser servidaantes da sobremesa.
Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,a prática sonhada pelo profeta Isaías,e o lobo e o cordeiro pastarão juntose a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.
Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecidoo reinado permanente da justiça e da claridade,e a alegria será uma bandeira generosapara sempre desfraldada na alma do povo.
Artigo VIII
Fica decretado que a maior dorsempre foi e será semprenão poder dar-se amor a quem se amae saber que é a águaque dá à planta o milagre da flor.
Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada diatenha no homem o sinal de seu suor.Mas que sobretudo tenhasempre o quente sabor da ternura.
Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,qualquer hora da vida,uso do traje branco.
Artigo XI
Fica decretado, por definição,que o homem é um animal que amae que por isso é belo,muito mais belo que a estrela da manhã.
Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigadonem proibido,tudo será permitido,inclusive brincar com os rinocerontese caminhar pelas tardescom uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:amar sem amor.
Artigo XIII
Fica decretado que o dinheironão poderá nunca mais compraro sol das manhãs vindouras.Expulso do grande baú do medo,o dinheiro se transformará em uma espada fraternalpara defender o direito de cantare a festa do dia que chegou.
Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade,a qual será suprimida dos dicionáriose do pântano enganoso das bocas.A partir deste instantea liberdade será algo vivo e transparentecomo um fogo ou um rio,e a sua morada será sempreo coração do homem.
quinta-feira, 14 de julho de 2022
A PESAR DE VOCÊ (Chico Buarque de Holanda)
Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. E tal
Lá lá lá lá laiá