VOCÊ GOSTA DE LER?

Leitura é muito mais do que decodificar palavras. É ir muito além! É voar sem destino pelas páginas de um livro.
Devemos observar várias formas de arte, expressas em textos escritos ou não (verbal ou não verbal) e, delas tirar lições, reflexões, ou mesmo divesão. O que não podemos é sairmos indiferentes, pensando: não entendi nada! Ou fingindo ter entendido tudo, sem no entanto, ter compreendido o que o emissor realmente disse.
Muitas mensagens, realmente são de entendimento dúbio, ou seja, dá margens a mais de uma interpretação.
O que não se deve, é não entender nada! Se por acaso isso acontercer, e não é nada depreciativo assumir isso, devemos buscar mais informações e, fazer com que de alguma forma, essa leitura acrescente algo de positivo em nossa vida.

Leia, vá ao cinema, museus, shows, teatros, ouça músicas, mas reflita, pense!
Se não tiver argumentos bem fundamentados, cale-se e vá aprender mais.


"NÃO TENHO UM NOVO CAMINHO. O QUE TENHO É UM NOVO JEITO DE CAMINHAR." (Thiago de Melo)


quinta-feira, 27 de junho de 2024

PERGUNTE AO PÓ (Paulo Leminsk)

cresce a vida
cresce o tempo
cresce tudo
e vira sempre
esse momento

cresce o ponto
bem no meio
do amor seu centro
assim como
o que a gente sente
e não diz
cresce dentro


quinta-feira, 13 de junho de 2024

POÉTICA (Vinicius de Moraes)

 De manhã escureço

De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando

terça-feira, 4 de junho de 2024

(Augusto Cury)

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.


quarta-feira, 29 de maio de 2024

DA MINHA ALDEIA (Alberto Caeiro)

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...


Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

sexta-feira, 24 de maio de 2024

O QUERERES (Caetano Veloso)

Onde queres revólver, sou coqueiroE onde queres dinheiro, sou paixãoOnde queres descanso, sou desejoE onde sou só desejo, queres nãoE onde não queres nada, nada faltaE onde voas bem alta, eu sou o chãoE onde pisas o chão, minha alma saltaE ganha liberdade na amplidão
Onde queres família, sou malucoE onde queres romântico, burguêsOnde queres Leblon, sou PernambucoE onde queres eunuco, garanhãoOnde queres o sim e o não, talvezE onde vês, eu não vislumbro razãoOnde queres o lobo, eu sou o irmãoE onde queres cowboy, eu sou chinês
Ah! Bruta flor do quererAh! Bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato, eu sou o espíritoE onde queres ternura, eu sou tesãoOnde queres o livre, decassílaboE onde buscas o anjo, sou mulherOnde queres prazer, sou o que dóiE onde queres tortura, mansidãoOnde queres um lar, revoluçãoE onde queres bandido, sou herói
Eu queria querer-te e amar o amorConstruir-nos dulcíssima prisãoEncontrar a mais justa adequaçãoTudo métrica e rima e nunca dorMas a vida é real e de viésE vê só que cilada o amor me armouEu te quero e não queres como souNão te quero e não queres como és
Ah! bruta flor do quererAh! bruta flor, bruta flor
Onde queres comício, flipper vídeoE onde queres romance, rock'n rollOnde queres a lua, eu sou o solE onde a pura natura, o inseticídioOnde queres mistério, eu sou a luzE onde queres um canto, o mundo inteiroOnde queres quaresma, FevereiroE onde queres coqueiro, eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fimDo que em mim é de mim tão desigualFaz-me querer-te bem, querer-te malBem a ti, mal ao quereres assimInfinitivamente pessoalE eu querendo querer-te sem ter fimE querendo-te aprender o total

Do querer que há e do que não há em mim 

quarta-feira, 22 de maio de 2024

UM AUSENTE (Carlos Drummond de Andrade)

 Tenho razão de sentir saudade,

tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te fos
te.

(Alberto Caeiro)

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.