Atenção, mulheres, está demonstrado
pela ciência: chorar é golpe baixo.
As lágrimas femininas liberam substâncias,
descobriram os cientistas, que abaixam na hora o nível de testosterona do homem
que estiverem por perto, deixando o sujeito menos agressivos. Os cientistas
queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula liberada
— e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina, com sua reputação de
derrubar até o mais insensível dos durões. Por isso, evitaram que os homens
pudessem ver as mulheres chorando.
Os cientistas molharam pequenos pedaços de
papel em lágrimas de mulher e deixaram que fossem cheirados pelos homens. O
contato com as lágrimas fez a concentração da testosterona deles cair quase
15%, em certo sentido deixando-os menos machões.
Ele vivia furioso com a mulher. Por,
achava ele, boas razões. Ela era relaxada com a casa, deixava faltar comida na
geladeira, não cuidava bem das crianças, gastava de mais. Cada vez porém, que
queria repreendê-la por urna dessas coisas, ela começava a chorar. E aí,
pronto: ele simplesmente perdia o ânimo, derretia. Acabava desistindo da briga,
o que o deixava furioso: afinal, se ele não chamasse a mulher à razão, quem o
faria? Mais que isso, não entendia o seu próprio comportamento. Considerava-se
um cara durão, detestava gente chorona.
Por que o pranto da mulher o comovia
tanto? E comovia-o à distância, inclusive. Muitas vezes ela se trancava no
quarto para chorar sozinha, longe dele. E mesmo assim ele se comovia de uma
maneira absurda.
Foi então que leu sobre a relação
entre lágrimas de mulher e a testosterona, o hormônio masculino. Foi uma
verdadeira revelação. Finalmente tinha uma explicação lógica, científica,
sobre o que estava acontecendo. As lágrimas diminuíram a testosterona em seu
organismo, privando-o da natural agressividade do sexo masculino, transformando
o num cordeirinho.
Uma idéia lhe ocorreu: e se tomasse
injeções de testosterona? Era o que o seu irmão mais velho fazia, mas por
carência do hormônio.
Com ele conseguiu duas ampolas do
hormônio. Seu plano era muito simples: fazer a injeção, esperar alguns dias
para que o nível da substância aumentasse em seu organismo e então chamar a
esposa à razão.
Decidido, foi à farmácia e pediu ao
encarregado que lhe aplicasse a testosterona, mentindo que depois traria a
receita. Enquanto isso era feito, ele. de repente caiu no choro,um choro tão
convulso que o homem se assustou: alguma coisa estava acontecendo?
É que eu tenho medo de injeção, ele
disse, entre soluços. Pediu desculpas e saiu precipitadamente. Estava voltando
para casa. Para a esposa e suas lágrimas.
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