VOCÊ GOSTA DE LER?

Leitura é muito mais do que decodificar palavras. É ir muito além! É voar sem destino pelas páginas de um livro.
Devemos observar várias formas de arte, expressas em textos escritos ou não (verbal ou não verbal) e, delas tirar lições, reflexões, ou mesmo divesão. O que não podemos é sairmos indiferentes, pensando: não entendi nada! Ou fingindo ter entendido tudo, sem no entanto, ter compreendido o que o emissor realmente disse.
Muitas mensagens, realmente são de entendimento dúbio, ou seja, dá margens a mais de uma interpretação.
O que não se deve, é não entender nada! Se por acaso isso acontercer, e não é nada depreciativo assumir isso, devemos buscar mais informações e, fazer com que de alguma forma, essa leitura acrescente algo de positivo em nossa vida.

Leia, vá ao cinema, museus, shows, teatros, ouça músicas, mas reflita, pense!
Se não tiver argumentos bem fundamentados, cale-se e vá aprender mais.


"NÃO TENHO UM NOVO CAMINHO. O QUE TENHO É UM NOVO JEITO DE CAMINHAR." (Thiago de Melo)


quinta-feira, 19 de abril de 2018

PÁGINAS DA ZONA DE SOMBRA (José Antônio Cavalcanti)


 I

Isso é um teste, um texto, um resto. Isso é, são, foi, foram os, as. Palidez de palavras na página porque as sílabas não captam. Ex, quase, talvez ou nunca, os sentidos escapam pelos túneis semânticos do precário. Todos os signos, isso: areia movediça, pântano, entulho, a traição dos espelhos, insignificância. Especulação a escrita. Fluxo, continuum, duração bergsoniana em que se esboroa a experiência. Sintaxe de desgaste, esquizofrenia da linguagem. Rasura e falha, o texto desenha a camuflagem para a impossibilidade da fala. Excesso de poréns, concessivas em remendos, temporais do instantâneo, causas sem consequência e vício-versa. Todas as sentenças são relativas, isto é, poeira radioativa de significados flutuantes e invisíveis. De tecer, carimbam especialistas, a origem. O texto, entre tantos, é onde o mundo acontece e todas as páginas são, simultaneamente, formas de desaparecimento. Isso não é um teste, sequer um texto, nem há nada que preste, por isso poesia é imprestável, toda arte é manifestação de imprestância. Isso não é, e isso é tudo que é possível ser. Acontecer vem do latim *contigescere, var. de *contingescere, incoativo de *contigère, do lat. contingère 'atingir, chegar a; encontrar; resultar de'. Não obstante, ninguém escreve para encontrar a, o, se. Toda palavra é o som e a grafia da perda. Não capturar significados, dissipar-se, doar-se, acender a queda como dêitico da liberdade.

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