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Entre os últimos meses de 2010 e os primeiros de 2011, a morte vem levando ou ameaçando pessoas queridas e próximas a mim. Quase perdi meu marido em setembro e, em janeiro, meu amado pai se foi.
Semana passada, durante a aula no 1º ano do Ensino Médio, li um conto para a sala, que, particularmente, considero de extrema beleza e sensibilidade: O Gaetaninho; do autor Antônio Alcântara Machado, cujo tema é o sonho de um menino pobre, filho de imigrantes italianos, que era o de andar de carro e só o consegue quando é atropelado e morre.
Na aula da última sexta-feira, enquanto faziam a atividade do dia, achando-a um tanto monótona, comecei uma brincadeira com os alunos. Eu cantava um verso, escolhia um aluno e pedia para que o mesmo continuasse a música. Estava muito divertida a brincadeira, todos estavam alegres e, como amo Legião Urbana, arrisquei um "É preciso amar "...E o coro foi recíproco : "as pessoas como se não houvesse amanhã". Foi um sentimento tão bom e coletivo de alegria, leveza , liberdade.
Em meio àqueles rostos adolescentes, um, em especial se destacava por tamanha espontaneidade vívida estampada em seu sorriso - o de André. Conheci-o este ano e já parecia que dera aula para ele a vida toda. De risada fácil, bonzinho, legal e educado; não era o melhor aluno; mas um ser humano lindo. Hoje, domingo, 29 de maio de 2011, depois do café, fui checar meus e-mails e me deparei com a trágica notícia de que André tinha sido atropelado e morto na noite de ontem. Passei o resto do domingo velando seu corpo. No seu último leito, aquele menino brincalhão, depois de muitas travessuras, parecia dormir. Levei-lhe um vaso de lírios laranja - a cor da alegria. Esta que fora muito bem representada por André, em sua curta, mas inesquecível passagem nesta vida.
Estou triste, muito triste, principalmente pela família, pela mãe transbordando em dor, dizendo-me pra que não esquecesse de avisá-la da reunião de pais... Mas, no meu íntimo, sei que ele está bem e em paz e levou de mim algo de bom. Sei também que sua morte estava ligada a mim, de alguma forma. Não sei como, mas estava. Enfim, Deus está tentando me mostrar o valor da vida, das pessoas, dos momentos, de tudo. Será essa a relação da morte comigo? Ou há mais coisas que eu não entendo ou não consigo enxergar? Não sei. Por enquanto, vou tentando viver a máxima de Renato Russo : " É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã; pois se você parar pra pensar, na verdade não há". Provas é que não me faltam.
Professora Izabel Cristina dos Santos
Ao aluno André Patrício de Souza, 14 anos que morreu atropelado na SP-304
EE Prof. Attílio Dextro; SBO
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