VOCÊ GOSTA DE LER?

Leitura é muito mais do que decodificar palavras. É ir muito além! É voar sem destino pelas páginas de um livro.
Devemos observar várias formas de arte, expressas em textos escritos ou não (verbal ou não verbal) e, delas tirar lições, reflexões, ou mesmo divesão. O que não podemos é sairmos indiferentes, pensando: não entendi nada! Ou fingindo ter entendido tudo, sem no entanto, ter compreendido o que o emissor realmente disse.
Muitas mensagens, realmente são de entendimento dúbio, ou seja, dá margens a mais de uma interpretação.
O que não se deve, é não entender nada! Se por acaso isso acontercer, e não é nada depreciativo assumir isso, devemos buscar mais informações e, fazer com que de alguma forma, essa leitura acrescente algo de positivo em nossa vida.

Leia, vá ao cinema, museus, shows, teatros, ouça músicas, mas reflita, pense!
Se não tiver argumentos bem fundamentados, cale-se e vá aprender mais.


"NÃO TENHO UM NOVO CAMINHO. O QUE TENHO É UM NOVO JEITO DE CAMINHAR." (Thiago de Melo)


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Rafinha Bastos - Comediante sem Graça

Código Penal Brasileiro – Parte Especial Título VI – Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual - Capítulo I, artigo 213 - Estupro: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – Estupro: substantivo masculino crime que consiste no constrangimento a relações sexuais por meio de violência; violação; sinônimo: forçamento.
Rafael Bastos Hocsman, 34 anos, que se intitula Rafinha Bastos, formado em jornalismo, tem vivido nos últimos tempos seus quinze minutos de fama – muito longos por sinal – considerando-se humorista. Em maio/junho deste ano, esse cidadão, no que ele próprio denomina “show de humor negro”, fez a seguinte consideração, buscando fazer graça com o público:
"Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus", (Folha Ilustrada, 08/6/2011 – 9h05. A Revista Rolling Stone de maio complementa a fala do “humorista”: “(...) Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso não merece cadeia, merece um abraço”. 
Gilberto Dimenstein, através da Folha.com de 24 de julho de 2011, 23h01, intitula seu artigo de “Rafinha Bastos é vítima de estupro” e comenta brilhantemente que o suposto comediante ‘está sendo vítima de um estupro - ele está, sem saber, se estuprando moralmente’.
Rafinha Bastos passou pelos bancos da faculdade de jornalismo e – talvez – sequer aprendeu as responsabilidades da profissão. Se não todas, deveria, no mínimo, ter aprendido a primeira de todas elas: ética, que cabe em qualquer profissão.
Rafinha Bastos, como pessoa não conheço. Como profissional de TV, idem, porque não assisto aos programas de que faz parte. Não sinto atração pela forma como aborda indivíduos e determinados assuntos, dentre eles desrespeito a deficientes e xenofobia (Revista Rolling Stone maio 2011).
Rafinha Bastos, como humorista, quiçá ainda seja menos ruim que jornalista. Como humorista, tem sua platéia de seguidores. Se procurarmos uma definição bem simplificada de humor, encontraremos que “O humor é um estado de ânimo cuja intensidade representa o grau de disposição e de bem-estar psicológico e emocional de um indivíduo”. Assim sendo, indo por esse raciocínio, talvez seus comentários tenham a ver com seu estado de ânimo.
Rafinha Bastos, pelos comentários que fez a respeito do estupro demonstra que:
1.      Desconhece que o estupro não ocorre somente contra mulheres;
2.      Desconhece que o artigo 213 do Código Penal foi alterado exatamente em virtude disso, hoje figurando com nova redação;
3.      Desconhece que estupro não é assunto para piada;
4.      Desconhece que as vítimas de estupro ficam, a partir do ato praticado contra elas, com seqüelas, se não físicas, emocionais – marcas aversivas, traumas – que afetam seu psíquico pelo resto da vida;
5.      Desconhece que, pela dor desse sofrimento causado por “violação, violência, forçamento”, as vítimas de estupro mereceriam da sociedade enorme respeito e nosso apoio à caça de todos os que praticam tal ato para que se enquadrem como criminosos e não “benfeitores” como ele os nomeia;
6.      Desconhece que o tipo de humor que apregoa é tão invasivo e estuprante como o discurso de que se utiliza;
7.      Desconhece que, como humorista, não tem graça nenhuma.
8.      Desconhece que, para ser um bom humorista, precisa estar por dentro do contexto social e possuir uma análise muito bem articulada dos fatos e discursos para não ferir pessoas, já que seu pretexto é fazer rir.
Rafinha Bastos, se ao invés de fazer rir, desencadeia polêmica por fazer apologia ao crime, precisa procurar outra coisa pra ocupar seu tempo. Algo útil. E se, por acaso alguém conseguiu rir desse comentário deprimente, é tão digno de crítica quanto ele.
Rafinha Bastos, é preciso que se diga que quando tomei conhecimento do que o pseudo humorista havia dito em seu “show” de besteirol, me aliei a todos os que fizeram parte dos fóruns de discussão da Folha.com endossando o ato de repúdio expedido pelo Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo, órgão institucional formado por representantes da sociedade e do poder público.
Rafinha Bastos, em minha opinião, é o tipo de pessoa que possui pouco repertório e que, quando se vê diante do esgotamento de seu acervo discursístico/linguístico, lança mão de asneiras que, se não lhe estão na cabeça, lhe vão no âmago da alma. Porque é bíblico que “a boca fala daquilo que a alma está cheia”.
Rafinha Bastos, meteoro, meteoróide, rastro, estrela cadente, seja lá o que se enquadra melhor em seu perfil, entendo e espero que seja passageiro esse seu ‘estrelato humorístico’, posto que, por ser meteórico, é cadente.
Rafinha Bastos, nossa sociedade necessita de pessoas que respeitem a dignidade alheia e que semeiem coisas boas. De pessoas que não usem a fala em demasia principalmente porque são sempre aquelas que não têm nada a dizer.
Rafinha Bastos, portanto, favoreça-nos com seu silêncio.
Rafinha Bastos, bastou.

Cristina Pellisson
Mestre em Educação – julho/2011

Um comentário:

Nicholas disse...

Duvido alguém fazer uma piada que não ofenda ninguém, humor negro é pra rir às custas de outros, é algo nobre? Não, mas há quem ache engraçado.