REVOLTA
Só queria ser alguém!
Falar com minha própria voz;
Fazer eco em sua garganta!
Voar livremente pelos campos de minha pátria!
Calmamente sorrir,
mostrar todos os brancos dentes da minha boca
banguela,
folhear um livro,
poder ler cada palavra
que eu mesmo escrevi,
mesmo que seja narrando meu analfabetismo!
Levantar da calçada o menino que dorme sob meus pés
descalços,
Dar-lhe o pão que sobra na tua mesa,
a escola rejeitada pelos teus filhos.
Eu queria muita coisa,
Só não queria ser alguém como você
que esconde as mãos com medo de perder os anéis!
Clóvis C.
Rocha
PELA SOMBRA
A boca não ouve a palavra que expele
A caca que sai não é coisa que se mele
O nariz não solta o fedor que repele
O sangue não tem a mesma cor da pele
A valentia não é para quem amarele
Quer se anônimo não se revele
Jamais se rebele
Não se altere
Quer ser livre, então se libere
Quer chegar logo, acelere
Quer viver bem, não se escabele
Quer dar amor, não exagere
Fique frio, se refrigere
Levou um fora, se recupere
Não se revolte, desconsidere
Quer viver bem, então coopere
Trabalhe um pouco.
Vá pela sombra, desacelere.
Clovis C. Rocha
SEU TRAVESSEIRO
Chegue bem perto de mim
Diz-me bem baixinho,
Quero saber o seu nome
Devagar saciar sua fome
De comida ou de amor.
Se sonhas,
Diga-me com quem
Se rezas,
Quero dizer amem.
Digas, qual teu segredo,
De onde vem teu brilho
Se tens algum grilo,
Fale baixinho,
Sou todo ouvido.
Posso ser bem mais que amigo,
Faça do meu ombro
Seu travesseiro
Use e abuse de mim por inteiro
Quero afagar teu cabelo
Deixe pra chorar depois
Vamos falar de nós dois
Viver este presente
O passado deve ficar ausente
O futuro?
Construiremos pouco a pouco
É impossível?
Ah! Só depende só da gente!
Clovis C. Rocha
Nenhum comentário:
Postar um comentário